Um pouco sobre mim...

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Sou, por natureza, uma pessoa muito comunicativa. Além do modo oral gosto também de me expressar textualmente, é algo que me dá prazer. Aborrece-me a monotonia e a solidão. Gosto de agitação, situações novas e dinâmicas e de uma boa saída com amigos ou família. Lema da minha vida: "As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.” (William Shakespear)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Metáfora

- Deitei-me...

- Olhei o relógio: 23h05- tinha mais do que tempo.

- Comecei a cravar as unhas na carne quente do peito e puxei a pele com firmeza até fazer uma enorme abertura.

- O ar invadia-me e desvendava o meu vazio.

- Porque estaria eu a remexer o meu interior?

- Estava tão abalada por tudo, tão revoltada comigo mesma!

- Sentia-me inútil, débil, destroçada...

- Apetecia-me pegar nos pormenores fracassados da vida e rasga-los em pedacinhos, como fazemos aos rascunhos dos desenhos inúteis.

- Depois, pensei que seriam esses rascunhos idiotas, esses pedaços de vida fracassados, que estariam cá para falar da minha evolução, da minha vitória.

- E o golpe continuava a permitir a passagem do ar.

- E as lágrimas ardentes começavam a rasgar-me a face. Doía muito, muito mesmo.

- As unhas permaneciam cravadas a exercer pressão, mas tinha sido eu a rasgar a minha própria carne, com ou sem fundamento.

- No entretanto, olhei o interior do peito e vi a minha pequena luz, o meu pequeno valor, a minha pequena esperança.

- Foi o suficiente para a ferida fechar.

2 comentários:

Anónimo disse...

simplesmente maravilhoso

Continuação de um bom fim de semana (:

Unknown disse...

Muito bonita a tua metáfora. Não fazes ideia como me identifico com ela. Poderás constatá-lo no meu último post, no fundasuperfície.
P.